Histórias de Miguel - Um vendedor supimpa

Essa história vem do meu pai e seu conteúdo é mais pedagógico do que anedótico. Conta o quão necessário é misturar o merceeiro ou vendedor ao seu dom nato uma boa dose de estudos de comportamento humano. É porque a questão não é aprender a convencer outrem a adquirir um produto que não precisa, mas fazer o freguês descobrir o que pode sanar sua necessidade e deixá-lo​ satisfeito pela troca de seu dinheiro suado por tal produto.

E foi assim:

-- Deixa eu te dizer: chegou na mercearia hoje um vendedor que eu nunca tinha visto um negócio daqueles.
-- Como assim? Respondi sem entender.
-- O homem fez a gente comprar sem querer. Era um representante de uma empresa de distribuição. Ele chegou com a maleta e se apresentou, aí pai [Ednaldo Cordeiro] falou que não queria nada, que estava tudo parado e não queria comprar, falou meu pai entusiasmado.
-- Sim...
-- Só queria que você visse: ele já tinha aberto a pasta e aí começou a fechar de novo. O infeliz tinha um jeito de falar malandro: "Sem problema. Sem problema. Me consiga ao menos um copo de água para não perder o passeio, mestre". Aí pai deu e ele foi soltando mais gracinhas, até que pai falou: tá, diz aí o que você vende. E o homem abriu a pasta de novo e começou a convencer. Pai, de repente, comprou um bocado de coisas sem sentir. Nunca vi um negócio daqueles. Deveria ter gravado o homem.


Isso porque meu pai tem 50 anos de comércio! Imaginem bem!

O final feliz da história de meu pai mostra algo surreal: a transação econômica é, sobretudo, uma troca humana. As pessoas interagem e, na maioria das vezes, paga mais pela experiência do que pelo próprio produto. Isso vale também para os grandes compradores. Quando o merceeiro aprende esta máxima, conhece uma das colunas fundamentais de seu ramo comercial.

Ouça as pessoas, pergunte muito, arranque sempre "sins" ao invés de "nãos". Coloque-se no lugar do próximo e nunca se imponha pela força da arrogância.

Por último, leia a obra Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, de Dale Carnegie e seja feliz.

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