O problema dos bancos

O financiamento de capital de giro ou estoque mínimo sempre foi uma necessidade dos negócios de mercearias de quaisquer portes. Somas vultosas são reunidas para que um aparato de produtos possam atender à necessidade de uma dada população que gravita o comércio. Item, os recursos para a alimentação do caixa, considerando-se as diferenças de prazos concedidas pelos fornecedores e aqueles cedidos aos clientes, exigem na maioria das vezes uma participação ativa dos bancos na antecipação de operações financeiras de curto prazo.

Mas até que ponto é saudável ou recomendável depender destas corporações monetárias? A submissão aos juros é taxas dos quatro grandes bancos brasileiros é inevitável?

O caso é que no passado o que de fato sustentava a cadeia do comércio nessa carência de créditos de curto prazo eram os bancos estatais, as associações, as cooperativas e as casas de crédito, que forneciam letras e títulos tidos por moeda de troca para o financiamento das atividades comerciais. Ou, na ausência desta, tinha-se apenas estabelecimentos que se sustentavam pela atividade principal do dono não ser exatamente esta, donde suas riquezas poderiam ser empregadas nos créditos que sua casa comercial necessitasse, caso das grandes lojas dos centros urbanos, investimentos por vezes secundários ou cujas divisas de curto prazo se originavam de atividades outras. Em resumo: ou se tinha acesso ao dinheiro via banco, ou o comércio era fruto de herança ou a atividade era uma parte menor no portfólio do proprietário (podendo receber injeções de capital sem a necessidade de intermediação de terceiros).

O que se tem hoje é uma perigosa carta branca de concessão de créditos criada em função dos mecanismos anti-fraude, surgidos após o compartilhamento massivo dos bancos de dados entre as casas bancárias e aos históricos dos cidadãos ficarem cada vez mais precisos e passíveis de metrificação. Muito embora tenha-se o fato de que efetivamente os bancos devem possuir formas de eliminar com eficiência os riscos das transações realizadas, isso não redunda na melhoria das taxas cobradas em cima dos empréstimos, produtos bancários e diversas operações que lidam com recebíveis.

Muito pelo contrário: a usura (e essa, definitivamente, é a palavra mais apropriada) campeia da forma mais descarada, pois cria um ciclo onde dinheiro gera dinheiro e assim se pode conceder o crédito fácil, já que a exploração de quem paga os empréstimos por bem ou por mal é algo tão rentável que ressarce os salários dos banqueiros, as despesas da casa bancária e ainda sobra para o emprego na concessão de mais empréstimos a prazo na forma de cartões de crédito, cheques e "limites especiais".

A regra da prudência e do bom senso é simples, ainda que dura e objetiva: gaste apenas o que for necessário e sempre menos do que ganha. Não há outra forma de acumular o que é necessário para as operações de caixa, ainda que possa ser desculpável a utilização de créditos de curto prazo a título de capitalização de giro, ainda assim sob estrita vigilância nas taxas.

Você pode estar se perguntando: e se eu estiver começando agora é precisar de um empréstimo? Cuidado redobrado, então. Trave bem seus objetivos e perspectivas, esquadrinhando todos os riscos e vantagens, a fim de não pecar neste ponto tão principal, que poderá lhe prejudicar por toda uma vida.

Nosso dinheiro é fruto de suor e trabalho e dinheiro que gera dinheiro não necessariamente é fruto de algum trabalho intelectual, como se poderia alegar, mas de exploração do trabalho alheio e especulação. Por isso, tome bastante cuidado ao adentrar neste circuito pegajoso chamado sistema bancário. E somente após muita prudência e resolução opte por algum empréstimo.

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